SOMOS IGUAIS, DIFERENTES
sábado, 30 de março de 2013
sexta-feira, 29 de março de 2013
quinta-feira, 28 de março de 2013
HISTÓRIA JOÃO PÉ DE FEIJÃO
Ouvimos a história do João Pé de Feijão e resolvemos fazer a experiência com os feijões.
Será que os nossos também são mágicos?
Será que os nossos também são mágicos?
quinta-feira, 21 de março de 2013
MANHÃ CULTURAL
Fomos ao café do "Oitão!
O pai do João mostrou-nos o que faz no café e ofereceu-nos um belo lanche feito pela mãe Fernanda.
Aprendemos muito!
Obrigada aos pais, à tia e à avó do João por todo o carinho com que nos receberam!!!!
O pai do João mostrou-nos o que faz no café e ofereceu-nos um belo lanche feito pela mãe Fernanda.
Aprendemos muito!
Obrigada aos pais, à tia e à avó do João por todo o carinho com que nos receberam!!!!
segunda-feira, 18 de março de 2013
BRINCADEIRA LIVRE NA SALA ...
A nossa máquina de lavar roupa, foi o brinquedo mais utilizado hoje pelas crianças.
E com a máquina, não poderia faltar o belo estendal, todos quiseram estender a roupa com as molas. Foi engraçado observar o grupo, nada parecia novo e realmente nada é novidade, pois todos sabem quais as tarefas domésticas que os pais realizam em casa.
Fiquei encantada!!!
OVOS MISTERIOSOS...
Cada criança escolheu o material para colocar no seu ovo, desde areia, cascas de ovos, bolinhas de papel crepe, papel autocolante, etc.
É importante valorizar a criança, torná-la autónoma, deixá-la criar...
É importante valorizar a criança, torná-la autónoma, deixá-la criar...
A NOSSA PRENDA PARA O PAI...
A nossa prenda para o pai é uma moldura feita com uma caixa de CD. Num dos lados a foto do pai e do seu filho e do outro um poema com uma pintura feita pela criança.
Espero que gostem!!!!
domingo, 17 de março de 2013
sábado, 16 de março de 2013
PRENDA DA PÁSCOA
Reciclagem de caixas e tabuleiros de ovos.
Este ano vamos fazer umas bolachinhas para colocar nas caixas.
ANDAMOS A EXPLORAR A COR ...
...BRANCA!
Fizemos ovelhas e colámos pipocas!
"Pipocas larocas"
Pipocas larocas para comer
fizemos na sala para aprender
milhinhos no tacho e elas a saltar
parecem os meninos todos a pular!
Fizemos ovelhas e colámos pipocas!
"Pipocas larocas"
Pipocas larocas para comer
fizemos na sala para aprender
milhinhos no tacho e elas a saltar
parecem os meninos todos a pular!
quarta-feira, 13 de março de 2013
Made in China
Poderemos chamar-lhe Marta. Era
uma jovem candidata a professora como tantas outras e já ia no seu terceiro mês
de estágio.No dia da Festa do Natal, "as crianças mostravam eufóricas os seus
presentes". Todas... exceto uma. A jovem estagiária descreve "a aluna postada no
fundo da sala, de rosto sério, sem sorriso, expressão neutra, de olhos aguçados
e cabelo negro, calada, a observar. Era uma adolescente (que, soube depois,
tinha catorze anos) de origem chinesa".
O primeiro contacto é premonitório
do que mais adiante viria a acontecer: "Os nossos olhares cruzaram-se e eu
sorri. Hesitei em falar, melhor dizendo, gesticular, hesitei em tornar a olhar.
Depois de breves segundos, desisti de comunicar com a nova aluna".
Os pais da jovem chinesa tinham
encontrado num restaurante da cidade o destino feliz da sua saga migratória. Na
cozinha e na sala de jantar, o mandarim era a língua oficial. O patrão
recomendava que conservassem, nas falas e nos gestos, o exotismo e a
graciosidade, clichés ou veros atributos dos orientais que os clientes muito
apreciavam. Na rua e no mercado, a conversa era outra e a comunicação mais
exigente. Aí, o dedo indicador e alguns esgares compensavam a elementaridade do
vocabulário.
Mas a rua havia ensinado às filhas
um vasto repertório, onde pontificava o vernáculo. As miúdas, que eram umas
ignorantes da língua de Camões mas não eram parvas, adivinhavam nas palavras
captadas nas brincadeiras e zaragatas uma carga pejorativa pouco abonatória e de
utilização pouco recomendável no meio académico. Não é, pois, de espantar que se
remetessem para um total mutismo na sala de aula. E "lá sossegadinhas eram, nada
que se comparasse àqueles vândalos do bairro"...
A estagiária deixou passar as
férias de Natal, deixou que decorresse mais de um mês, e, por alturas do
Carnaval, reuniu toda a coragem necessária e avançou para o fundo da sala, ao
encontro do desafio. Meteu conversa com a chinesa, mas obteve "uma resposta
negativa". No dialeto do bairro, como no mais puro mandarim, este eufemismo
equivale, no mínimo, à expressão "vai dar uma volta, a ver se chove" (e o leitor
já percebeu que também o narrador não escapa ao recurso a figuras de estilo,
para não ter que enxamear a escrita com reticências).
A estagiária não se deu por achada
com a "resposta negativa", habituada já a outros e bem mais contundentes mimos
que os "vândalos do bairro" costumavam dispensar às estagiárias. Fazendo-se
desentendida, a Marta leu no olhar da aluna qualquer coisa parecida com um
pedido de atenção. E passou a entrecortar o seu afã de estagiária com momentos
de encontro com a aluna do fundo da sala, o que parecia satisfazer a professora
cooperante:
- "Mas a menina não se iluda! Não
sei o que fazer dessa aluna. Está-me desde janeiro no pa, pe, pi, po, pu e no
ta, te, ti, to, tu. E daí não passa..."
Efetivamente, a Li Yan (assim se
chamava a pequena) dali não passava. Mas, "sentada a seu lado, com montanhas de
imagens e objetos", a estagiária Marta trabalhava "arduamente em todos os dias
de estágio e sempre que era permitido." Tinha prescindido do "pa", do "pe" e do
"pu". A Li Yan interessou-se pelos jogos de identificação de palavras, construía
pequenas frases como "A Li tem os olhos pretos" e a Marta até já tinha
conseguido obter da aluna chinesa "um sorriso" e um "Olá''.
Passo a passo
Um mês mais tarde, a estagiária
arriscou fazer um teste. A Marta apontou para a mesa e disse "mesa". A jovem
chinesa apontou para a mesa e disse a palavra "mesa". A Marta apontou para o
livro e disse "livro". A aluna apontou para o livro e repetiu: "livro". A Marta
apontou para o lápis e disse "lápis". Porém, quando a miúda apontou para o
lápis, respondeu: "made in China". E, com sotaque muito british,
acrescentou:
- "China! That's my
country!"
A surpresa da Marta seria ainda
maior. Aproveitando-se das liberdades conferidas pelos "tempos mortos dos
intervalos", descobriu que, para além de bem falar inglês, a Li Yan nunca errava
contas de três e mais algarismos no divisor, que possuía um absoluto domínio de
conceitos na área das ciências naturais, e que não era despicienda a sua mestria
na expressão plástica.
Nenhuma destas competências
pareciam relevantes para a professora cooperante. Em abono da verdade, digamos
que a professora nem suspeitava da existência destes dons naquela aluna do fundo
da sala. O tempo era escasso para "dar o programa à turma", não sobrava tempo
para chinesices. Nem o facto de a Li Yan ser dotada de um profundo conhecimento
do património literário universal impressionou os soberanos avaliadores. Foi de
riquexó para "a sala da primeira". Onde é que se havia de meter uma jovenzinha
de catorze anitos que não percebia uma palavra de português? Na primeira classe,
como é bom de ver!
A culpa do inevitável "atraso" era
da pequena, por ser made in China, como acontece com os lápis e as porcelanas. A
culpa era toda da gaiata de olhos rasgados que perturbavam a normal fisionomia.
Quem a mandou vir de um lugar que os etnocêntricos europeus designam por Extremo
Oriente para o Extremo Ocidente do Extremo Oriente?
Porém, a jovem estagiária nem
sonhava quantos "chineses" a rodeavam, naquela sala de aula. Nem ela, nem a
professora cooperante, a qual, só provindos do bairro, contava cinco ou seis
"chineses" na turma. Chineses seriam, pois "não acompanhavam os outros, nem
pareciam compreender o que se dizia".
A futura professora também não
imaginava quantos "chineses" iriam passar ao largo das suas futuras aulas. E as
recomendações de uma pragmática supervisora apaziguavam as dúvidas que, por
vezes, assomam aos jovens espíritos:
- "Enquanto for aluna estagiária,
a menina terá de fazer planos para alunos diferentes, quando lho for pedido.
Depois, quando já for professora e tiver a sua turma, segue os alunos normais e
faz como vê agora a sua professora cooperante fazer."
Se bem que não captasse toda a
lógica da sábia recomendação, a Marta não ousava arriscar uma má nota no estágio
a troco do bem-estar de meia dúzia de chineses. A argumentação com que pretendia
legitimar a cínica atitude era a mesma que se podia ouvir da boca de todos os
seus colegas de curso:
- "Quando tiver uma turma só
minha, dou uma ficha à turma e assim já posso dedicar-me a crianças como a Li
Yan. Agora, tenho de me sujeitar, não é? Se eu sou obrigada a apresentar planos
e a cumpri-los à risca!... Que é que eu posso fazer?"
- "Pois é... - sublinhei - os
chineses não entram nos teus planos."
A Marta não tardou a compreender a
ironia (e matreirice) do meu comentário porque, em alguns estágios, incidentes
críticos ajudam a reescrever os insondáveis desígnios de uma profissão. Em
meados de abril, chegou a vez de a Marta dar a sua aula. "Contava e muito para a
avaliação", pelo que cumpriu à risca o plano. Como mandam as regras de bem
planificar, os primeiros três minutos e quarenta e cinco segundos foram
despendidos na "motivação". Ia já a passar à exposição do tema, quando o seu
olhar se cruzou com "o petrificado olhar da Li Yan". Parecia dizer-lhe "vem
sentar-te junto de mim!" Sentiu que "aquele olhar implorava, mas nada podia
fazer". A Li passou aquele manhã a olhar para a sua amiga, como a dizer "vem ter
comigo".
A Marta confessou-me o
desconforto: "Senti-me tão mal que, sempre que olhava para ela, desviava o
olhar, para não me sentir ainda pior. Aquele olhar incomodava-me e eu desisti de
olhar para ela. Foi o que me valeu!" Felizmente, a professora cooperante e a
supervisora não se aperceberam das hesitações, e a Marta passou, com êxito, às
etapas seguintes do plano de aula para os não-chineses.
Talvez porque a consciência a
acusava de algo que ela apenas pressentia, aproveitou uma das nossas conversas
de fim de tarde para "desabafar". Na idade da Marta, ainda são comuns estas
crises, rapidamente debeladas no salve-se quem puder dos dias
probatórios.
O episódio da "aula dada pelo
plano" parece não ter afetado a relação. Se a Marta ganhara consciência de que
nada sabia de ensinar, compreendera que o que é melhor para os alunos terá de
ser o melhor para os professores. Crescera como pessoa e aprendera que só
havendo pessoa nela se pode plantar um professor.
Por sua vez, Li Yan ficara algo
confusa, mas a sua sensibilidade dizia-lhe que continuariam amigas. Sinal seguro
da existência do vínculo afetivo foi o facto de Li Yan ter passado a tratar a
estagiária por "Professora Marta", no que diferia dos colegas da turma, que não
abdicavam do tradicional tratamento por "estagiária" imposto por uma professora
cooperante pouco dada a confusões ou a faltas de respeito.
No dia do aniversário da
"professora Marta", a Li Yan presenteou-a com "um estupendo desenho" (nas
palavras de uma Marta visivelmente comovida) acompanhado de quatro pequenas
grandes frases:
"A escola é bonita e
grande.
O recreio é grande. A Marta é
muito boa e muito bonita. Eu muito gosto Marta."
E à única "professora" que lhe
prestava atenção a Li Yan conferiu o privilégio do acesso aos segredos de um
"Diário", se bem que (como me confidenciou a Marta) estivesse "escrito em chinês
e não se percebia nada". A jovem chinesa estava atenta às dificuldades de
leitura da "professora". Por isso, os dias que se seguiram foram de docência a
meias: se a Marta ajudava a Li Yan a alargar o seu conhecimento do português, a
Li Yan ensinava à Marta rudimentos de escrita chinesa.
Por: José
Pacheco
In: Educare
terça-feira, 12 de março de 2013
AJUDE A MÃO AMIGA!
Pedido de ajuda.........
Desde Dezembro de 2012 que a Mão Amiga atravessa tempos dificeis e luta para manter a Instituição em funcionamento.
Não obstante os apoios em géneros que temos recebido, para assegurar o trabalho diário com as crianças são necessários também meios financeiros e humanos, que representam um custo mensal.
Este mês, precisamos muito da sua ajuda para manter a casa em funcionamento e garantir os melhores cuidados às crianças.
Seja Solidário com esta causa, contribuindo com as suas Mãos.
Para tal poderá escolher a categoria da despesa e o valor com que pode ajudar, apresentados no documento em anexo.
Dê as Mãos a esta causa!
NIB 0007 0561 00001270005 98
(*) Agradecemos o envio do comprovativo da transferência, juntamente com o seu nome, morada e contribuinte para emissão do respectivo recibo.
Bem-Haja
A Direcção
AJUDAR UMA INSTITUIÇÃO!
Usar o Seu I.R.S. e ajudar quem mais precisa...
Para ajudar as crianças da Mão Amiga basta um simples gesto. Na entrega do
seu IRS só é necessário preencher o campo 901 do quadro 9 no anexo H (modelo 3),
com o nosso nº de contribuinte (505 460 661). Com este gesto estará a doar 0,5%
do seu IRS (que de outra forma fica sempre para o Estado) a uma boa causa. Esta
é uma forma de ser você a decidir para onde vão 0,5% dos seus descontos anuais e
ficar a saber onde vão ser empregues.
domingo, 10 de março de 2013
“Na nossa conceção de criança esta é incapaz”
Gabriela Portugal,
investigadora na área da infância, diz que em Portugal "educar para a autonomia
é algo que se faz ainda de forma muito limitada."
Acusa os adultos de ignorarem o potencial de aprendizagem das crianças. Apesar de toda uma "retórica" em que se garante a consideração pelas "necessidades e interesses" dos mais pequenos. Gabriela Portugal, docente e investigadora do Departamento de Educação da Universidade de Aveiro, não tem dúvidas: "As nossas crianças são pouco autónomas porque não as educamos para a autonomia".
Autora de inúmeros trabalhos, sobre qualidade educativa, espaços em creches e ecologia do desenvolvimento, destacam-se as obras " Ecologia e desenvolvimento humano em Bronfenbrenner" (1992) e "Crianças, famílias e Creche. Uma abordagem ecológica da adaptação do bebé à creche" (1998).
Recentemente, Gabriela Portugal, publicou a obra "Avaliação em Educação Pré-Escolar - sistema de acompanhamento das crianças" (2010) que, segundo explica, permite aos educadores avaliar o "contexto educacional da sua responsabilidade"[ver caixa]. Alguns dos seus artigos constam nos mais importantes pareceres do Conselho Nacional de Educação sobre a infância: "Educação das Crianças dos 0 aos 12 anos" (2009) e "Educação das Crianças dos 0 aos 3 anos" (2011).
"Nós somos mais superprotetores e isso envolve uma atitude mais limitadora ou cerceadora da ação e movimentação da criança."
Educare.pt (E): Tem observado o funcionamento de creches na Dinamarca e na Inglaterra, a nossa realidade está assim tão distante?
Acusa os adultos de ignorarem o potencial de aprendizagem das crianças. Apesar de toda uma "retórica" em que se garante a consideração pelas "necessidades e interesses" dos mais pequenos. Gabriela Portugal, docente e investigadora do Departamento de Educação da Universidade de Aveiro, não tem dúvidas: "As nossas crianças são pouco autónomas porque não as educamos para a autonomia".
Autora de inúmeros trabalhos, sobre qualidade educativa, espaços em creches e ecologia do desenvolvimento, destacam-se as obras " Ecologia e desenvolvimento humano em Bronfenbrenner" (1992) e "Crianças, famílias e Creche. Uma abordagem ecológica da adaptação do bebé à creche" (1998).
Recentemente, Gabriela Portugal, publicou a obra "Avaliação em Educação Pré-Escolar - sistema de acompanhamento das crianças" (2010) que, segundo explica, permite aos educadores avaliar o "contexto educacional da sua responsabilidade"[ver caixa]. Alguns dos seus artigos constam nos mais importantes pareceres do Conselho Nacional de Educação sobre a infância: "Educação das Crianças dos 0 aos 12 anos" (2009) e "Educação das Crianças dos 0 aos 3 anos" (2011).
"Nós somos mais superprotetores e isso envolve uma atitude mais limitadora ou cerceadora da ação e movimentação da criança."
Educare.pt (E): Tem observado o funcionamento de creches na Dinamarca e na Inglaterra, a nossa realidade está assim tão distante?
Gabriela Portugal (GP): Sim. Mas importa
considerar que há muitas maneiras de trabalhar bem. As culturas dinamarquesa ou
inglesa são, naturalmente, diferentes da nossa. Dentro da nossa forma de
trabalhar há espaço para melhorar a partir das nossas atuais circunstâncias.
Esse é o desafio. A forma de organização do espaço na Dinamarca traduz uma
conceção de criança mais competente e autónoma.
Nós somos mais superprotetores e isso envolve uma atitude mais limitadora ou cerceadora da ação e movimentação da criança. Temos muito medo que aconteça algum mal às nossas crianças, o que é indicativo de cuidado, de atenção e de afeto. Só que tudo isto em dose avantajada, exagerada, pode ser contraproducente para o desenvolvimento da criança. Numa creche francesa que eu conheci, já em 2000, as crianças circulavam à vontade por todo o sítio e mais algum. Entre nós isto será muito difícil, porque as crianças têm que estar sempre sob o olhar do adulto. Há uma grande necessidade de controlo!
E: A visão mais capacitadora das crianças ainda está assim tão afastada das nossas mentes?
Nós somos mais superprotetores e isso envolve uma atitude mais limitadora ou cerceadora da ação e movimentação da criança. Temos muito medo que aconteça algum mal às nossas crianças, o que é indicativo de cuidado, de atenção e de afeto. Só que tudo isto em dose avantajada, exagerada, pode ser contraproducente para o desenvolvimento da criança. Numa creche francesa que eu conheci, já em 2000, as crianças circulavam à vontade por todo o sítio e mais algum. Entre nós isto será muito difícil, porque as crianças têm que estar sempre sob o olhar do adulto. Há uma grande necessidade de controlo!
E: A visão mais capacitadora das crianças ainda está assim tão afastada das nossas mentes?
GP: Temos uma abordagem muito
uniformizadora e diretiva em relação às crianças. Se o adulto não estiver
presente, a controlar, assume-se que a sala vira o caos. Educar para a autonomia
é algo que se faz ainda de forma muito limitada... porque na nossa conceção de
criança esta é "incapaz".
O adulto atua como sendo a pessoa que sabe o que é mais importante para a criança. O que é que ela necessita. E, muitas vezes, não tem em consideração o vivido da própria criança. Atua como se ele fosse capaz de "programar" o desenvolvimento e aprendizagens das crianças. Apesar de uma retórica em que diz que tem em consideração as necessidades e interesses das crianças, que a observação da criança é um elemento sempre presente na sua prática. De facto, isso acontece, frequentemente, de forma incipiente. As reais potencialidades ou capacidades das crianças não são exploradas e atualizadas.
E: Mostrou uma imagem de criança numa creche nórdica a cortar a fruta. Uma educadora dizia que em Portugal era impensável pôr uma criança a lidar com facas...
O adulto atua como sendo a pessoa que sabe o que é mais importante para a criança. O que é que ela necessita. E, muitas vezes, não tem em consideração o vivido da própria criança. Atua como se ele fosse capaz de "programar" o desenvolvimento e aprendizagens das crianças. Apesar de uma retórica em que diz que tem em consideração as necessidades e interesses das crianças, que a observação da criança é um elemento sempre presente na sua prática. De facto, isso acontece, frequentemente, de forma incipiente. As reais potencialidades ou capacidades das crianças não são exploradas e atualizadas.
E: Mostrou uma imagem de criança numa creche nórdica a cortar a fruta. Uma educadora dizia que em Portugal era impensável pôr uma criança a lidar com facas...
GP: Nos países nórdicos, por
exemplo, é comum as crianças utilizarem facas. Na questão da circulação num
espaço arranjam-se estratégias orientadoras e que facilitam a autonomia e
independência da criança na sua movimentação. Estou a lembrar-me de uma
instituição em que havia portas pintadas de amarelo e portas pintadas de azul -
as crianças sabiam que pelas portas amarelas elas podem entrar e sair à vontade
mas nas portas azuis não entram. E havia dezenas de portas amarelas e apenas
algumas azuis! As regras estão interiorizadas e os adultos não andam atrás a ver
se as crianças cumprem ou não.
Ainda no que respeita à confiança na criança,
na Dinamarca há jardins de infância que não têm uma vedação e as crianças estão
a maior parte do tempo na rua. Confia-se nas crianças. Aqui seria
impensável.
E: Podemos concluir que as nossas
crianças podem ser mais autónomas se os adultos confiarem mais nas suas
competências?
GP: As nossas crianças são pouco
autónomas porque não as educamos para a autonomia. A educação para a autonomia
tem que ser feita de forma gradual. Assegurando que o adulto se sinta bem neste
processo de alargamento da livre iniciativa e autonomia da criança. Porque o
adulto não pode estar num estado de ansiedade permanente (o contexto também tem
de ser bom para o adulto).
"Muitas vezes, quando se pensa em
autonomia, pensa-se numa autonomia funcional - comer sozinha, ir à casa de banho
sozinha, esse tipo de coisas. Mas há um outro tipo de autonomia, que é tomar
decisões, ter iniciativas, ter objetivos e auto organizar-se para os
atingir."
Na Dinamarca observei crianças de
2 anos no momento da refeição. Elas vão buscar o prato, servem-se sozinhas, põem
água no seu copo, comem à vontade, despejam os restos para um recipiente,
colocam a louça suja no local próprio, depois saem e, sem nenhum adulto atrás,
vão para o jardim. Sozinhas. Isto é estranho para nós. Aí as crianças brincam
com paus, terra, água, trepam às árvores, saltam de estruturas altas e não há um
adulto que mostre qualquer sinal de ansiedade!... Tudo isto é encarado com
naturalidade e as crianças estão habituadas a esta forma de estar.
Nas chamadas "forest school", o
jardim de infância ou a escola na floresta, onde não há vedações, vi crianças
pequeninas que iam andando, andando, sozinhas, até chegarem àquilo que chamavam
de "waiting tree". Era uma árvore referência - a partir daquela árvore elas
sabiam que não podiam ir mais sozinhas. Chegadas ali, elas não avançavam mais.
Mas esta árvore ainda ficava a uma distância razoável da casa onde se encontrava
a educadora! Significa que as regras estão interiorizadas, não tem de haver ali
o adulto a chamar a atenção ou um muro a limitar a movimentação da
criança.
E: Mas para essas regras
estarem interiorizadas é preciso quem as faça interiorizar. Qual é o perfil do
educador de qualidade?
GP: Tem de ser
alguém que a par de sensibilidade, é estimulante e capaz de dar espaço à criança
promovendo a sua autonomia. Muitas vezes, quando se pensa em autonomia, pensa-se
numa autonomia funcional - comer sozinha, ir à casa de banho sozinha, esse tipo
de coisas. Mas há um outro tipo de autonomia, que é tomar decisões, ter
iniciativas, ter objetivos e auto organizar-se para os atingir. Educar para a
autonomia significa inovar em educação.
E: Em que patamar estamos
depois de Bolonha ao nível da formação inicial dos educadores de
infância?
GP: Ainda estamos em
balanço, porque o perfil de formação destes profissionais mudou muito com
Bolonha. Antes tinham uma licenciatura em Educação de Infância, de quatro anos.
Neste momento a qualificação para serem educadores é reconhecida a nível de
mestrado. [Os alunos] fazem uma licenciatura em educação básica que lhes confere
um conjunto de requisitos e de domínio de áreas de conteúdo consideradas
estruturantes (matemática, língua portuguesa, estudo do meio, expressões) e
podem candidatar-se a um mestrado em educação pré-escolar ou a um mestrado em
educação pré-escolar e ensino do 1.º ciclo do ensino básico.
A licenciatura em educação básica
não profissionaliza para a docência. Dá-lhes uma visão generalista sobre
questões de educação e sobre as áreas de conteúdos referidas. A partir daí podem
enveredar por um percurso profissionalizante direcionado para a educação
pré-escolar, 1.º ou 2.º ciclo.
Intervir
educativamente
E: Intervir educativamente
em creches pressupõe o quê?
GP: Pressupõe saber
o que se está a fazer e, sobretudo, porque se está a fazer. Perceber o que é que
faz sentido para uma criança entre os 0 e os 3 anos de idade, do ponto de vista
do seu bem-estar, desenvolvimento e aprendizagens. O educador não pode deixar de
compreender, respeitar e atender às necessidades e particularidades de todas as
crianças e de cada uma em particular.
E: As políticas educativas
estão a ir ao encontro da crescente atenção dada às questões da
infância?
GP: Globalmente
temos uma boa legislação no que respeita à educação de infância. Mas num momento
de grandes restrições orçamentais, em que as famílias lutam com vencimentos
exíguos e em que há dificuldades por parte dos próprios ministérios e das
instituições, torna-se difícil atender a todos os desafios que a educação de
infância levanta...
"Uma criança que recebe
atenção - que é escutada, que obtém respostas boas dentro de um tempo adequado -
desenvolve o sentido de que "eu sou importante, eu sou gostada, as pessoas olham
para mim, escutam-me". Este sentimento está na base do desenvolvimento de uma
boa autoestima e autoconfiança. "
E: Está a referir-se ao
despacho que aumentou o número de crianças e diminui as
auxiliares?
GP: O aumento do
número de crianças por sala, em parte, terá a ver com a sustentabilidade das
instituições. Mas não é por aí que isso se vai conseguir. Até porque as
instituições só podem aumentar o número de crianças se dispuserem de uma área
suficiente. No entanto, a existência de mais crianças num mesmo espaço vai
contra aquilo que a investigação indica relativamente ao ratio
adulto-criança.
Uma possibilidade de se contornar
as dificuldades do ratio poderá passar pela reconfiguração da forma de
organização tradicional por salas/territórios. Se as crianças não estiverem
adstritas a uma sala, com o seu respetivo educador, mas conhecerem o seu adulto
de referência (que cuida, muda a fralda, dá de comer, põe a dormir, etc.) e
circularem pela instituição, poderia encontrar-se uma forma interessante de
repensar o serviço educativo da creche.
E: Fazer mudanças ao nível
da organização do espaço...
GP: Sim. Em
Portugal, nas creches e jardins de infância as salas são mais ou menos
idênticas: todas têm uma casinha das bonecas, um cantinho de livros, de jogos,
brinquedos, etc. Mas poderá haver uma sala só para construções, outra só para
brincar com água e areia, outra só para livros e alguns jogos, etc. Há um adulto
que vai "rodando" e que poderá ficar responsável pela animação de uma
determinada sala durante uma semana. E as crianças circulam livremente e vão
para o espaço que entendem.
E: De que forma a qualidade
da creche pode influenciar a relação entre educadores e
crianças?
GP: A qualidade da
relação que se estabelece com as crianças é a principal dimensão de qualidade na
creche. Uma criança que recebe atenção - que é escutada, que obtém respostas
boas dentro de um tempo adequado - desenvolve o sentido de que "eu sou
importante, eu sou gostada, as pessoas olham para mim, escutam-me". Este
sentimento está na base do desenvolvimento de uma boa autoestima e
autoconfiança.
Claro que uma creche só é de
qualidade se os adultos que nela trabalham se sentirem bem e realizados no
trabalho que aí desenvolvem. Só adultos que estão bem consigo próprios poderão
estabelecer boas relações com as crianças.
E: É comum falar-se em
stresse ligado a crianças nestas idades. Como é que evitamos o seu efeito nas
nossas creches?
GP: O stresse em
creche tem muito a ver com a agitação, o barulho, a sobre estimulação,
demasiados brinquedos e com o pouco espaço para a sua expressão individual. Como
evitar? Cada creche, cada equipa de profissionais, poderá encontrar as suas
próprias respostas para evitar ou superar estas situações. Não é possível mudar
tudo ao mesmo tempo mas, pouco a pouco, pode chegar-se a um patamar de qualidade
mais elevado.
Avaliar no
Pré-escolar
Gabriela Portugal explica
como o Sistema de Acompanhamento das Crianças (SAC) pode contribuir para a
qualidade da intervenção na infância.
E: O que é o
SAC?
GP: É um instrumento
para avaliação em educação pré-escolar, resultante do projeto "Avaliação em
educação pré-escolar - Sistema de Acompanhamento das Crianças", financiado pela
Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT). Procurou-se dotar os educadores de
conhecimentos sobre procedimentos de observação, registo e avaliação, quer dos
processos, quer dos efeitos presentes no contexto educacional da sua
responsabilidade. O uso correto do SAC permite que os educadores de infância
tenham uma visão clara sobre o funcionamento do grupo, atendendo aos níveis de
implicação e de bem-estar, e sobre os aspetos que requerem intervenções
específicas, considerando a oferta educacional, o clima de grupo, o espaço para
iniciativa, a organização do contexto e o estilo dos adultos.
O SAC permite ainda a
identificação das crianças que necessitam de atenção diferenciada e a
consequente planificação de um conjunto de iniciativas que levem à resolução de
problemas e à maximização da qualidade educativa, tanto para o grupo como para
cada criança. Em suma, fundamenta o desenvolvimento do currículo pré-escolar e
atende aos resultados da ação educativa (desenvolvimento de
competências).
Uma vez desenvolvido, o ciclo
contínuo de observação-avaliação e ação inerente ao SAC, as capacidades de
empatia e de adoção da perspetiva da criança são reforçadas, assim como a
capacidade de refletir e questionar a existência de certos hábitos e rotinas.
Isso permite que o educador de infância possa sentir-se inspirado e orientado
para experimentar diferentes abordagens e inovar. Se os níveis de bem-estar e
implicação aumentam, os educadores sabem que estão no caminho certo, a promover
e a desenvolver a autoconfiança das crianças, alimentando a sua curiosidade,
motivação para a exploração e desenvolvimento de competências.
O uso do SAC sustenta o
desenvolvimento profissional ao nível da conceção e organização do ambiente
educacional; observação, planificação e avaliação; relacionamentos e intervenção
educacional, desenvolvimento curricular; trabalho em equipa, reflexão e
capacidades de investigação. Todas estas dimensões estão integradas no
Decreto-Lei n.º 241/2001, que define o perfil específico de desempenho do
educador de infância.
In: Educare
quinta-feira, 7 de março de 2013
MANHÃ DE CULTURA ALIMENTAR...
O pai Nélio veio à nossa sala fazer bolo de cenoura.
Obrigada pai Nélio!
A organização do trabalho partilhada com as crianças permite que estas participem democraticamente e assim envolvam a cooperação, através de uma organização cooperativa do trabalho.
A aprendizagem é impulsionada mais pelo grupo do que pelo professor ou por cada criança individualmente. Comunicação e trocas entre o professor e as crianças e entre as crianças, são uma maneira de construir a aprendizagem através de processos cooperativos, « todos ensinam todos aprendem» (Niza, 1996)
O conhecimento nas salas do MEM não é visto como propriedade privada, em vez disso, a aprendizagem individual é sistematicamente estendida a todo o grupo onde as crianças são encorajadas a comunicar. Proporcionando um aumento de confiança e autoestima, nas famílias permite uma participação muito ativa na vida escolar.
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