quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Retirado do blog " Educação especial: Um grito de mudança"

Como apoiar a imaginação e a criatividade das crianças

Ouvir com webReader
Como se a imaginação fosse um vício da infância "Georges Jean"



Criatividade e imaginação são palavras que usamos no nosso dia-a-dia com um sentido positivo e ainda mais quando falamos sobre as mesmas no desenvolvimento das crianças.

Mas o que é a criatividade e imaginação, e porque andam estas palavras na sua maioria das vezes acopladas uma na outra?

Criatividade envolve a criação de algo novo enquanto que a imaginação é uma faculdade mental que permite a representação de objectos com determinadas qualidades que são dadas à mente através dos sentidos. Agora imaginemo-nos a aplicar estas palavras ao desenvolvimento de uma criança, por certo todos consideramos importante que as crianças tenham imaginação e sejam criativas, mas de que forma fomentamos esta prática na vida das crianças?

A escola, a creche e o jardim-de-infância são espaços fundamentais para desenvolver estes alicerces. No entanto, não devemos descurar outro contexto importante no desenvolvimento da criança: a família. Na infância, as crianças observam o mundo que existe à sua volta, e têm uma confiança inabalável na sua imaginação. É nesse espaço que só elas conhecem, na sua mente, que se estabelecem ligações inimagináveis, criativas e ilimitadas sobre o que somos, podemos ser, podemos fazer, imaginar e criar.

“Hoje proporcionamos-lhes quase tudo feito, deixando pouco espaço para que as crianças possam descobrir, explorar, criar ou imaginar”

A sua importância
A importância que a criatividade tem ao nível do desenvolvimento da criança, do ponto de vista cognitivo, está relacionada com um conjunto de processos que ocorrem em simultâneo, de forma a obter novas ideias ou até usar territórios ainda não explorados na nossa mente.

Percebemos agora o porquê das crianças serem espontaneamente criativas. Os seus cérebros ainda estão em «expansão» no que concerne à sua utilização, ao fortalecimento das suas ligações neuronais que não tem um número limite, são infinitas.
Mas, temos a certeza da importância de explorar ao máximo as capacidades das crianças, pois sabemos que com o passar dos anos esta expansão neuronal tendencialmente diminuí.

Inteligência é o resultado de duas palavras latinas: inter = entre e eligere = escolher, significando a capacidade de compreensão das coisas escolhendo o melhor caminho.

Os seus cérebros ainda estão em «expansão» no que concerne à sua utilização, ao fortalecimento das suas ligações neuronais que não têm um número limite, são infinitas

O meio que nos envolve
Está provado que a nossa carga genética contribuí com 50% das nossas opções, e a restante e igual percentagem está atribuída ao nosso meio envolvente. Existem alguns estudos que atribuem uma maior percentagem para o meio. Atendendo à importância que o meio envolvente tem no desenvolvimento da imaginação e criatividade da criança, levam-nos a reflectir sobre o que potenciamos ou limitamos nas experiências que lhes proporcionamos, sejamos pais ou educadores.

“Na infância, as crianças observam o mundo que existe à sua volta, e têm uma confiança inabalável na sua imaginação”

Pistas para a imaginação
Uma das críticas efectuadas nos dias de hoje sobre o desenvolvimento das crianças é que muitas vezes proporcionamos-lhes quase tudo feito, deixando pouco espaço para que as mesmas possam descobrir, explorar, criar ou imaginar. As crianças querem-se imaginativas e criativas, para que possam treinar a sua mente para aprender e conseguir antever consequências de actos que podem acontecer.

Mas, o que podemos fazer? Podemos brincar! ”Mas isso já eu faço!" - dirão alguns pais, mas precisamos de brincar com intencionalidade, mas com a naturalidade que caracteriza a relação entre pais e filhos.

Sugestões:
- Pergunte ao seu filho como correu a escola. Faça isso como sendo parte de uma conversa sem que se torne rotineiro e com hora marcada (no sentido de tornar esta tarefa chata e aborrecida). Mesmo que já tenha este hábito, torne-o ainda mais desafiante para si e para o seu filho, problematize algumas coisas que ele lhe conta, pergunte-lhe a opinião sobre algumas coisas que aconteceram e até como seria possível resolver alguns assuntos que ele conta;

- Realize pequenas brincadeiras de "faz de conta" criando diferentes personagens, situações e histórias. A borracha pode deixar de apagar e passar a ser um carro, uma nave, uma casa ou mesmo um colchão;

- Em casa tenham sempre uma caixa com diferentes materiais como: os tubos de papel higiénico, pauzinhos e conchas apanhadas na praia ou num passeio de campo, e construam objectos imaginados por vocês, que depois servirão como novos brinquedos;

- Tenha, sempre que possa, disponível barro, terracota ou plasticina. Irá, sujar um pouco mais o espaço, mas poderá aproveitar também esses momentos de limpeza para proporcionar outras experiências ao seu filho;

- Leia histórias ao seu filho (não interessa o tamanho das mesmas), o essencial é que proporcione o contacto com livros e outro material impresso, pois irão despertar o seu interesse e curiosidade pelo imaginário mas também pelo código escrito;

- Construa livros com o seu filho. Pegue em folhas brancas e em imagens ou algumas fotografias das vossas férias. Faça a montagem com eles e deixe o texto para o seu filho construir de cada vez que estiver a ler as imagens;

- As tarefas quotidianas dos adultos podem ser rotineiras mas para uma criança são uma oportunidade de descoberta;

- Incentive a que o seu filho tenha diferentes brinquedos para que os possa explorar de diferentes forma;

- Brincar no parque, subir e descer o escorrega, contornar obstáculos, saltar, aprender a dar balanço no baloiço, são actividades que estimulação e imaginação. Nesses dias poderão sempre ser os super heróis do parque e sempre que lá vão, temos um episódio diferente.

“As tarefas quotidianas dos adultos podem ser rotineiras mas para uma criança são uma oportunidade de descoberta”

Tempo em exclusivo
Para apoiar a imaginação e a criatividade do seu filho aplique uma de duas regras: dispense dez minutos para estar realmente e apenas com o seu filho a brincar, ou então enquanto realiza uma qualquer tarefa, sente-o na mesa deixando-o explorar uma das brincadeiras mencionadas anteriormente e vá conversando com ele criando-lhe desafios. Pode não ver de imediato mas está a construir bases para o futuro.

Ken Robinson dá este exemplo: ”Se perguntarmos a uma turma do primeiro ano de escolaridade quem é que se acha criativo, todos levantarão a mão. Se fizermos a mesma pergunta a um grupo de alunos mais velhos, a maior parte não se considera criativa”.

O mundo é um lugar ilimitado e através da imaginação e criatividade das crianças descobrimos as soluções mais interessantes para resolver obstáculos na nossa vida. Aproveite o tempo que tem com o seu filho, não se culpe, seja criativo!

Texto: Ana Correia, Educadora - Clínica da Educação

domingo, 27 de novembro de 2011

OS NOSSOS PINGUINS...

TEXTO RETIRADO DO BLOG" EDUCAÇÃO ESPECIAL: UM GRITO DE MUDANÇA"

Estamos a espatifar a infância das crianças – Entrevista de Eduardo Sá

Ouvir com webReader
O Estado não está a cumprir a lei no que respeita à proteção das crianças em risco, acusa Eduardo Sá. Em entrevista, o psicólogo lança duras críticas ao caso do desaparecimento de Rui Pedro que veio demonstrar que, em Portugal, há crianças de primeira e crianças de segunda. Os meios mobilizados, comparativamente aos de Maddie McCann, foram prova disso.


Disse um dia que as crianças estão em vias de extinção…

Estão. Não digo isso pelo facto de o Governo e a oposição as terem transformado numa espécie de conta poupança reforma. Acho até divertido que se fale de tudo e mais alguma coisa nas várias campanhas – presidenciais incluídas – e as questões das crianças e a política de fundo para a família nem sequer exista. Portanto, o que é que a mim me preocupa? Preocupa-me esta ideia complemente absurda de crescimento, que dá a entender que as crianças têm que ser jovens tecnocratas de fraldas antes dos seis, têm que ser jovens tecnocratas de mochila depois dos seis e têm que ser jovens tecnocratas de sucesso ao entrarem na universidade para que, finalmente – como se fosse uma linha de montagem –, saíssem todos mestres. Mestre é a designação mais vergonhosa que eu já vi para um título académico, porque é um título que reconhecemos aos sábios.

Andamos a enganar os jovens?

Isto é o cúmulo da publicidade enganosa. Explicar a miúdos com 22 e 23 anos que são mestres, de maneira a esperar que eles sejam, de preferência, ídolos antes dos 30… Anda toda a gente num registo eufórico e doente, que não percebe que as pessoas precisam de tempo para crescer. Acho engraçadíssimo quando dizem com orgulho que no jardim-de-infância há crianças que já sabem ler e escrever, mas não é isso que as torna mais sábias. Às vezes, as pessoas confundem macacos de imitação com crianças sábias. Acho engraçadíssimo quando as crianças não podem errar – eu julgava que errar era aprender. Mas não: as crianças têm que ter notas que são insufladas sabe Deus pelo quê. Vivem empanturradas em explicações. Se os pais puderem utilizar todo o tempo que a escola coloca ao serviço das famílias, elas podem passar 55 horas por semana na escola… Estamos a espatifar a infância das crianças, a espatifar a adolescência e, depois, com um olhar absolutamente cândido, dizemos que elas têm défices de atenção.

Existe a ideia que as pessoas mais escolarizadas são pessoas mais educadas?

Vive-se com essa a ideia. E peço desculpa, mas as pessoas, com toda a boa vontade do mundo, estão a tornar as crianças mais estúpidas. Se as crianças não aprendem a tolerar as frustrações, nunca hão de ser engenhosas e nunca hão de aprender com as dificuldades. A dor dói, magoa, mas é uma oportunidade de crescimento e não há dores que venham por bem. As dores são as grandes oportunidades para nos interpelarmos e para nos transformarmos. E nós não damos oportunidade às crianças para serem crianças. Queremo-las como fossem clones daquilo que nós sonhámos ser, mas que não fomos capazes. E, nestas circunstâncias, tem que haver alguém com algum bom senso que diga “tenham cuidado que estão a comprometer tudo”.

As crianças brincam pouco?

As crianças brincam de menos. Se houvesse em Portugal um Ministério da Educação digno desse nome, teria outro tipo de cuidado com os recreios das escolas. Os recreios das escolas públicas são uma vergonha. Não reúnem condições indispensáveis para brincar. As escolas deviam ter recreios cobertos, mas brincar é, para os governantes, uma atividade tipo primavera-verão: quando está frio e a chover, as crianças não podem ficar nas salas, não podem ficar nos espaços comuns, não podem andar na chuva… Brincam nos beirais, que é uma preparação para os desportos radicais. Mas, na falta de cuidados em relação às crianças, há um exemplo que é o mais delicioso do mundo: não compreendo porque é que as crianças têm uma disciplina de Educação para Saúde e depois, nomeadamente nas escolas públicas, as casas de banho dos alunos não cumprem as condições indispensáveis em termos de saúde pública. Para a ASAE, a segurança alimentar é importante, a contrafação é importante. As crianças, não.

O que lhe apraz dizer sobre toda esta polémica em torno dos contratos de associação?

Não me choca que o Estado, quando não consegue cumprir os seus compromissos, possa delegá-los noutros. E possa, na sequência disso, fazer os contratos de associação que acha que deve fazer. Até aqui, isto é pacífico. Agora, há dois aspetos que me parecem incontornáveis: quando as pessoas querem negociar de forma séria e leal, negoceiam a tempo e horas e não me chocaria se hoje estivéssemos a negociar uma transformação para daqui a dois anos, de maneira a que se possam pensar alternativas. Não acho que o Governo tenha estado bem neste aspeto. Agora, choca-me que depois as crianças sejam instrumentalizadas de uma forma absolutamente indecorosa e sejam trazidas para discussões que não são bem razoáveis. Instrumentalizar campanhas presidenciais à esquerda e à direita com este tipo de questões, peço desculpa, é um bom serviço em favor do obscurantismo.

Cada vez mais se ouve falar de crianças maltratadas…

Felizmente.

Tal não significa que haja maior número de crianças nessa condição?

Por amor de Deus. Estas são as melhores famílias que a humanidade conheceu. As atuais. O que significa que os nossos filhos estão seguramente melhores.

O que leva um pai a maltratar um filho?

(suspira) Muito sofrimento acumulado. Pessoas doentes sempre existiram ao longo da história. O sistema judicial é que não. É uma conquista importante da humanidade e todos nós devemos exigir que um sistema judicial, dedicado às crianças, seja um bocadinho de sistema judicial e que tenha um componente significativo de saúde, nomeadamente de saúde mental. Que nós aceitemos que os pais maltratem, não podemos aceitar; que nós aceitemos que o Estado, como garante de princípios fundamentais, seja omisso na proteção das crianças, é que eu acho que seja inadmissível. Quando grande parte das comissões de proteção tem pessoas da maior generosidade que estão em part-time ou em voluntariado, isto diz bem o que é a proteção das crianças em Portugal. Quando nós admitimos que haja crianças que, no fundo, estão sinalizadas como estando em perigo, mas estão em perigo durante anos… É aqui que eu acho que temos que parar e perceber o que é que queremos da proteção das crianças. Porque o Estado não cumpre a lei. Em média, as crianças estão confiadas aos centros de acolhimento cinco anos. O Estado comete ilegalidades sobre ilegalidades a esse nível.

Mas porque é que se maltrata?

Repare: ainda hoje há pessoas que suspiram pela escola do antigo regime, que era uma escola exemplar, onde cada erro representava uma reguada. Muitos destes pais tiveram escolas e famílias muito autoritárias. É por isso que os pais hoje, quando se trata de dizer que “não” a um filho, confundem autoridade e autoritarismo. E passam a vida quase a pedir desculpa com a ideia de que o “não” traumatiza. A autoridade é um exercício de bondade; o autoritarismo é um exercício de prepotência. A prova de que nós fomos crescendo com estes equívocos é um bocadinho esta. Ainda há pais maltratantes.

De todos os estratos sociais, portanto…

De repente, até parece que os pais da classe média não maltratam. Há crianças que andam em colégios para meninos com “pedigree” e chegam lá todos os dias com marcas de serem batidas. E quando têm 80 por cento nos testes ficam em pânico, porque são aterrorizadas constantemente… Essas crianças estão em perigo. Porque é que as comissões nunca protegem esse tipo de crianças? Temos que proteger mais e proteger melhor. E os tribunais têm que ser mais duros em relação aos pais que maltratam e negligenciam porque, por mais doentes que eles estejam, não têm o direito de desbaratar todos os recursos saudáveis dos filhos.

Como comenta caso do Rui Pedro, desaparecido há 13 anos?

Uma vergonha! É uma vergonha que o Estado – e não estou a falar dos tribunais nem da justiça – o Estado, como garante do exercício da justiça, mobilize os meios que mobilizou para a menina do casal McCann e não mobilize os mesmos meios para todas as crianças desaparecidas. Não há em Portugal, não pode haver num Estado de Direito, crianças de 1.ª e crianças de 2.ª. não é justificação que alguns elementos de aparelho de Estado digam “não averiguámos porque não havia meios”. Isto é ainda é mais ofensivo para os cidadãos que, com um esforço terrível, pagam impostos resultantes da má governação dos governos dos últimos 30 anos. Estamos a falar da vida de uma criança que não sabemos onde está; se está viva ou não. Estamos a falar de pais que há 13 anos, desesperadamente, apelam de todas as formas possíveis por ajuda. E eu já perdi a conta a comentários de pessoas que comentam tudo e que até em relação ao equilíbrio mental da mãe já se dirigiram. Meus Deus! Quem é que é o pai de bom senso que, ao fim de 13 anos nestas condições, consegue estar equilibrado? Ninguém.

O Estado falhou neste caso?

Aquilo que o Estado mobiliza quando uma criança desaparece nunca são os meios necessários e suficientes, porque parte sempre do pressuposto que não é uma questão tão urgente como o crime económico e outras coisas do género. Acho isto da maior gravidade. E acho, sobretudo, da maior gravidade que um país inteiro pare à procura de uma criança – e acho muito bem –, mas como se as crianças tivessem nacionalidade. Compreende? Como é que podemos esperar que aqueles pais aceitem uma disparidade desta natureza, como se os filhos dos outros fossem filhos de 1.ª e os filhos deles fossem filhos de 2.ª. Acho uma vergonha. E aquilo que é ainda mais vergonhoso é que este caso não tenha merecido por parte das figuras do Estado, ao menos isto: um pedido de desculpas aos cidadãos e tomarem isto como pretexto para configurarem outra forma de atuação para evitar que isto se repita.

É possível ensinar as pessoas a serem bons pais?

É. Os pais precisam de falar pelos filhos: eles sabem muito bem que quem nos ama diz-nos por atos (e por omissões) qualquer coisa como: “sente-me em ti, pensa por mim e fala por nós”. E, de facto, os pais às vezes sentem, pensam, mas não falam. Não falam nem por eles, nem pelos filhos. Ensinar pode fazer-se de maneira divertida, pode significar dizermos aos pais que estão obrigados a dar uma hora por dia aos filhos. Uma hora de mãe ou uma hora de pai, faz muito melhor do que o óleo de fígado de bacalhau para as crianças crescerem. E é necessário dizer aos pais que têm fazer, pelo menos, uma asneira de oito em oito horas. Os pais que não fazem asneiras não são bons pais.

Costuma dizer que as pessoas têm o coração apertado até ao último botão. É o que se passa com os pais?

Acho que somos todos mal-educados. Todos tivemos uma educação judaico-cristã, uma educação positivista que, em muitos aspetos foi importante, mas que criou um vício de forma muito cartesiano que nos leva a imaginar que, quanto mais racionais, melhores pessoas. Fomos todos mal-educados para as emoções. Ainda continuamos a achar que ter raiva é uma coisa feia, como se a raiva não fosse o melhor ansiolítico do mundo. Quem assume que tem ódio de vez em quando? E o ódio só acontece quando alguém que nos ama nos magoa muito. As emoções são um GPS fantástico que temos na nossa vida e nós somos educados para reprimir as emoções. Quando reprimimos as emoções, além dos efeitos neurológicos que isto provoca, vai introduzir uma coisa que é pior: à medida que não transformamos as emoções em palavras, passamos a ficar partidos ao meio. Sentimos tudo, somos tremendamente intuitivos, mas depois deixamos de aprender a falar. Quanto menos somos educados para as emoções, menos educados nos tornamos para as palavras e mais começamos a adoecer.

Somos, então, mal-educados para o amor?

Somos também mal-educados para o amor. Mas para que é que é preciso educação sexual nas escolas? Vai-me desculpar, a sexualidade faz muito bem à saúde. Mas muitas vezes esta “educação moral e religiosa parte II” está a partir do pressuposto de coisas erradas. Educar para o amor é uma coisa muito mais séria. É muito importante dizer o que é o aparelho reprodutor e falar de meios contracetivos… nada disso merece questão. Mas o que eu gostava é que também se explicasse o que é que são as relações amorosas. Devia ou não devia ser proibido casar com o primeiro namorado? Só devia. Quer dizer: passamos a vida a dizer que errar é aprender, mas nas relações amorosas temos que acertar à primeira. Onde é que isto já se viu? Isto é mentira. Se queremos educar para as relações amorosas, devíamos dizer que devia ser proibido casar para sempre.

Não devia ser para sempre?

São todas para sempre. Mas o que eu gostava que as pessoas percebessem é que quanto mais importante é uma relação mais frágil se torna. Porque exigimos às pessoas que amamos – e bem –aquilo que não exigimos a mais ninguém. E quanto mais importante for uma relação, mais preciosa ela é. Era muito bom que nós dissemos que todas as relações morrem, sobretudo as mais importantes e, sobretudo, se foram maltratadas. No fundo, educam-nos para nós abotoarmos o coração até o último botão. E, às vezes, as pessoas despem-se facilmente por fora e têm dificuldade em perceber que o grande desafio da vida é despirmo-nos por dentro. É darmo-nos a conhecer por dentro.

Tem uma boa relação com os seus alunos de Psicologia da Universidade de Coimbra?

Gosto muito deles. Gosto muito de dar aulas, mas não gosto do poder universitário. Aprendo muito quando dou aulas, porque sinto-me obrigado a transmitir uma experiência muito diversificada e de muitos anos, a ser claro e simples. Nem sempre é uma relação/opção fácil, mas quando eles percebem que somos capazes de gostar deles e que conseguimos transformar um universo muito complexo como o da vida mental numa leitura relativamente simples, torna-se uma relação muito boa. Não perco de vista que eles são colegas mais novos.

Do que não gosta no poder universitário?

Às vezes,fico meio sem jeito ao dar-me conta de como, em muitos momentos no meio universitário, o bom gosto e a boa educação faltam. E devo dizer-lhe que faltam onde não deviam faltar. Mais do que integrar conhecimentos, as escolas servem para nós ficarmos melhor educados e para nos tornamos melhores pessoas e há muitos episódios soltos, em escolas universitárias – não só em Coimbra – em que os professores são um bom exemplo daquilo que não é boa educação. E depois há um aspeto na vida universitária que me preocupa: existe uma diferença profunda entre os sabichões e os sábios. E há densidade de sabichões por metro quadrado na vida universitária que me incomoda. Acho que os sábios mudam o mundo. Não precisamos de ser altivos ou arrogantes para merecermos respeito.

Não é um meio que convide a pensar?

O poder universitário não é um meio onde a sabedoria seja premiada. Não é. E, às vezes, não é um meio que convide a pensar, onde as pessoas se possam interpelar de forma vertical e leal. Às vezes, não é um meio leal, o que eu acho incompreensível.

Teve uma infância feliz?

Gostava de ter brincado muito mais. Gostava de não ter passado por algumas situações difíceis que vivi. Poderia ser muito melhor, seguramente.

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

BRINCADEIRA LIVRE

“A presença de espaço onde a criança possa descobrir, criar, experimentar é um bom caminho para o desenvolvimento da aprendizagem perceptivo-motora, da inteligência, das habilidades da leitura e da escrita e da formação de conceitos através de suas próprias experiências”, afirma o educador físico Thales Ribeiro.

DESENHO LIVRE

Entre um e três anos.
É a idade das famosas garatujas: simples riscos ainda desprovidos de controlo motor, a criança ignora os limites do papel e mexe todo o corpo para desenhar, avançando os traçados pelas paredes e chão. As primeiras garatujas são linhas longitudinais que, com o tempo, vão se tornando circulares e, por fim, se fecham em formas independentes, que ficam soltas na página. No final dessa fase, é possível que surjam os primeiros indícios de figuras humanas, como cabeças com olhos.

BONECO DE NEVE...

CANÇÃO " BONECO DE NEVE"

CHAPÉU DE PALHA, PAM, PAM
NARIZ DE CENOURA, PAM, PAM
OLHOS DE AZEITONA, PAM, PAM

A CABEÇA É UMA BOLA,
BRANCA E LEVE NO MEIO DA PRAÇA,
PARECE UMA ESTÁTUA,
O BONECO DE NEVE,  2X
PAM, PAM

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

TEXTO RETIRADO DO BLOG" EDUCAÇÃO ESPECIAL: UM GRITO DE MUDANÇA"

Robótica como terapia para autistas

Ouvir com webReader
Projecto com a APPACDM estende-se a várias cidades

Um grupo de investigação da Universidade do Minho, em parceria da Associação Portuguesa de Pais e Amigos do Cidadão Deficiente Mental (APPACDM), está a desenvolver um projecto para a utilização de robôs como meio de comunicação e interacção com alunos autistas. As experiências confirmam que estes conseguem realizar novas tarefas, como sentarem-se num local diferente para brincar com o robô ou realizarem uma actividade com outro colega, tal como a tinham feito com o autómato.

O projecto Robótica-Autismo tem como objectivo à aplicação de ferramentas robóticas para melhorar a vida social de alunos com autismo, melhorando as suas habilidades de interacção e comunicação com pessoas e em contextos diferentes. “Temos trabalhado competências de interacção e de vocalização”, onde “o jovem teria de ser incentivado a pedir algo que quisesse – dizendo “dá”, por exemplo – e o robô iria trazer-lhe a bola”, explicou Filomena Soares, investigadora responsável.

As actividades visaram incentivar os jovens a interagir, pedir e participar em jogos e iniciativas em conjunto com outras pessoas. A ideia surgiu a partir de contactos já existentes com a instituição, onde se verificou haver terreno favorável para o desenvolvimento do estudo, inspirado em duas teses de mestrado em Electrónica Industrial.

A iniciativa procura igualmente “generalizar o conceito, levando-os para novos ambientes, fora da sala aula e junto de pessoas que nunca tinham visto e são experiências demoradas, nem sempre positivas, mas que acabam por ter um final positivo”, continuou.

A docente acrescenta ainda que “tendo por base a interacção, a comunicação e a vocalização, são definidas actividades muito simples, com competências bem definidas, registando-se a realização de novas tarefas pelos alunos com este tipo de problema, como por exemplo o facto de se sentarem num local diferente na sala de aula para brincar com o robô ou realizarem com outro colega uma actividade previamente realizada com o mesmo robô”, explicou.

Alunos têm de verbalizar que querem a bola para obtê-la. O facto de este projecto trabalhar contextos diferenciados acaba por influenciar um envolvimento das famílias, que, desta forma, participam no desenvolvimento e beneficiam de uma transferência de competências e de rotinas muito importantes para o contexto familiar. Segundo a investigadora, “revelou-se determinante o papel da APPACDM, que acabou por facilitar a interacção que proporcionou contactos durante o projecto, assim como uma acção de divulgação e partilha onde todos participaram”.

Através do Ministério da Educação, foram já realizados contactos com outras unidades de ensino estruturado, havendo já reuniões com mais quatro centros que se juntam à APPACDM de Braga no desenvolvimento deste projecto. Desta forma, este grupo de investigação passará a trabalhar com utentes de Arouca, A-Ver-O-Mar, Barcelos e Leça da Palmeira, para além de Braga. Estão igualmente a ser estudadas novas formas de interagir com os alunos com autismo em idade escolar, utilizando plataformas robóticas mais robustas e com maiores capacidades.

“Esperemos que a robótica seja um meio promotor, um interface útil para comunicar com esses jovens”, concluiu Filomena Soares.

sábado, 19 de novembro de 2011

SALA 1 ANO

As crianças na sala  de 1 ano, não param quietas e quanto mais capacidades ganham, maior é a inquietude.
O seu desenvolvimento motor permite saltar, andar quase a correr, subir e descer escadas, fazer uma torre com 3, 4 ou mais cubos e fazer rabiscos numa folha de papel.
A sociabilidade da criança já é grande. Ela começa a querer conquistar a sua autonomia e insiste em realizar algumas tarefas, como comer, tirar o sapato, etc.
Com as outras crianças, a socialização, já é mais complicada.  Insistem em tirar os brinquedos uns aos outros, empurram, batem, agarram, mordem, arranham. Mas não o fazem com intenção de agredir, mas sim para se divertir.
Aos dezoito meses, a criança tem uma visão egocêntrica do mundo, acredita que este gira à sua volta.

Não!

Uma das primeiras palavras que a criança aprende é "não". Chegam a dizer não a um pedido mesmo quando significa sim.
Conseguem entender mais palavras do que falar. Emitem apenas umas 10 palavras, mas conseguem compreender mais do dobro.
As crianças a partir de um ano e meio já conseguem perceber e receber pequenas ordens. As regras nesta etapa são fundamentais para o futuro, nesta idade é criada a base da educação da criança.

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

EXPLORAÇÃO LIVRE

O Ruben está deitado a observar tudo o que se passa a sua volta!
A criança cria as suas próprias brincadeiras, interage e explora livremente o meio que a rodeia, utilizando o seu corpo e os seus sentidos.

A GALINHA...


MOMENTO DE TAPETE

Descobrimos que a história tem um espelho igual ao da sala!

É um momento que oferece às crianças a oportunidade de participar num grande grupo, partilhando ideias, interesses, sentimentos... É o tempo em que os adultos e todo o grupo de crianças se reúnem e conversam, cantam, fazem jogos e contam histórias.

sábado, 12 de novembro de 2011

TEXTO RETIRADO DO BLOG" EDUCAÇÃO ESPECIAL: UM GRITO DE MUDANÇA"

Cérebros de crianças autistas têm mais neurónios

Ouvir com webReader
"As crianças autistas têm mais neurônios e apresentam um cérebro mais pesado que as demais, revela um estudo publicado ontem no Journal of the American Medical Association (JAMA). O estudo, baseado em análises de cérebros de crianças autistas falecidas, sugere que a anomalía na zona pré-frontal do cérebro pode ter origem no útero, destacam seus autores.

Os cientistas examinaram os cérebros de sete crianças autistas, com idade entre 2 e 16 anos, a maioria morta por afogamento. Ao comparar os cérebros dos autistas com os de outras crianças, a maioria morta em acidentes de trânsito, os pesquisadores encontraram 67% mais neurônios no córtex pré-frontal e 17,7% mais peso, em média, no primeiro grupo.

“Já que os neurônios corticais não são gerados após o nascimento, este aumento patológico no número de neurônios em crianças autistas indica causas pré-natais”, destaca o estudo. O córtex pré-frontal é responsável pela linguagem, comunicação e comportamentos como o ânimo, a atenção e as habilidades sociais. Habitualmente, as crianças autistas têm problemas nestas áreas.

“Os fatores que normalmente organizam o cérebro parecem estar desconectados”, destacam Janet Lainhart, da Universidade de Utah, e Nicholas Lange, da faculdade de Medicina e Saúde Pública de Harvard

“Devido ao fato de que os neurônios em todas as zonas do cérebro, exceto no bulbo olfativo e no hipocampo, são gerados antes do nascimento, estas descobertas se somam à crescente evidência biológica de que a neuropatologia do desenvolvimento do autismo começa antes do nascimento, possivelmente em todos os casos”.

Estudos prévios sugeriam que os sinais clínicos do autismo tendem a convergir com um período de crescimento anormal da cabeça e do cérebro que começa a ser evidente entre os nove e os 18 meses.

O autismo inclui um amplo espectro de diferentes desenvolvimentos, desde a dificuldade para as relações sociais até a incapacidade de comunicação, passando pela execução de movimentos repetitivos, extrema sensibilidade a certas luzes e sons e problemas de comportamento." 

In: HNews

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

DIA DE S. MARTINHO...

SOMOS PEQUENINOS E NÃO PERCEBEMOS MUITO BEM A COMEMORAÇÃO DESTE DIA, MAS CONSEGUIMOS ENTENDER QUE ERA DIA FESTA. PROVÁMOS CASTANHAS E COMEMOS BOLO, FOI UM LANCHE DIFERENTE!

IMITANDO ALGUNS ANIMAIS...

Uma das nossas brincadeiras preferidas, imitar alguns animais!

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

UMA DAS NOSSAS CANÇÕES PREFERIDAS...

MU, MU, FAZ O TOURO,
PIU, PIU, O PASSARINHO,
O SOM DO TOURO É BEM GROSSO
E O DO PÁSSARO FININHO
MU, PIU, MU,PIU
MU, PIU, PIU, PIU,
PIU , LÁ, LÁ, LÁ, LÁ, LÁ...

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

A FASE DAS DENTADAS...

Porque mordem as crianças?
A criança sente necessidade de levar à boca tudo o que está ao seu alcance, ela explora o mundo com o que conhece melhor, a sua boca.
A dentada é a descoberta do próprio corpo, com o aparecimento da dentição, as crianças mordem brinquedos, os amigos, outros adultos para descobrirem sensações e movimentos.
Outra das razões é a necessidade de comunicar, como ainda não dominam a linguagem verbal, a dentada serve para expressar descontentamento e irritação.

terça-feira, 8 de novembro de 2011

PEDIDO...

VAMOS PRECISAR DE FRASCOS DE BLÉDINA VAZIOS E COPOS DE IOGURTE DE VIDRO PARA FAZERMOS ALGUMAS ACTIVIDADES.
AGRADECEMOS QUE QUEM TIVER EM CASA LEVE PARA A ESCOLA PARA SEREM REUTILIZADOS.
                                                                              OBRIGADA !

domingo, 6 de novembro de 2011

ESTIVEMOS A VER AO ESPELHO COMO FICARAM OS NOSSOS PENTEADOS!!!

" Não atires o pau ao gato ..."

Não atires o pau ao gato
porque isso não se faz
o gatinho é nosso amigo
não devemos, não devemos
 maltratar os animais
jamais!

REUNIÃO DE PAIS...

O NOSSO MIMINHO PARA OS PAIS...
FIZEMOS UMA MAÇÃ PORQUE SIMBOLIZA A ESTAÇÃO DO ANO EM QUE NOS ENCONTRAMOS E DENTRO DESTA ESTÃO DOCES QUE SERVIRAM PARA ADOÇAR A REUNIÃO, O NOSSO ENCONTRO.  DENTRO DO EMBRULHO ENCONTRAM-SE REBUÇADOS, COLOCÁMOS 1 EM CADA MÃO DE CADA ENCARREGADO DE EDUCAÇÃO E TENTÁMOS QUE CADA UM SÓ COM UMA MÃO TENTASSE TIRAR O PAPEL DO REBUÇADO. UNS CONSEGUIRAM, OUTROS NÃO E ALGUNS COM MUITA DIFICULDADE TIRARAM O PAPEL.  OS PAIS QUESTIONARAM O PORQUÊ DESTA ACÇÃO, ENTÃO EXPLICÁMOS QUE  COM AS DUAS MÃOS SERIA MAIS FÁCIL A TAREFA DE TIRAR O PAPEL AO REBUÇADO.  CLARO! ENTÃO BASTAVA IMAGINAR QUE UMA MÃO ERA A ESCOLA E A OUTRA ERA A FAMÍLIA E QUE AMBAS TEMOS O OBJECTIVO DE TRABALHAR PARA O BEM ESTAR GLOBAL DA CRIANÇA.
OBRIGADA PELA VOSSA PRESENÇA E PELO VOSSO APOIO.

P.S- Esta actividade teve o apoio das estagiárias Isabel e Filipa.